Pesquisar

Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua

estimulação transcraniana por corrente contínua

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (também conhecida como ETCC ou TDCS) é uma técnica de neuromodulação não-invasiva aplicável em humanos que foi reintroduzida há aproximadamente 20 anos.

Hoje ela pode ser utilizada para tratar doenças neurológicas, psiquiátricas e auxiliar na reabilitação, seja motora, cognitiva ou fonoaudiológica.

Ela é realizada através de um equipamento portátil, de fácil transporte e pode ser utilizada junto de outras terapias,como um treino de marcha na esteira.

Entenda como a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) funciona no cérebro do seu pacientes.

A TDCS consiste em um eletroestimulador que é ligado por cabos à eletrodos. Esses eletrodos são colocados em esponjas umedecidas e essas esponjas são fixadas na cabeça do paciente. Em áreas da cabeça que você irá escolher de acordo com o diagnóstico do seu paciente e de acordo com as melhores evidências na literatura.

O eletroestimulador é um aparelho que mantém a carga e quantidade de energia igual durante toda a sessão. São aparelhos que utilizam, na maioria das vezes, baterias de 9V ou baterias embutidas.

Para a compra e uso aí na  sua clínica ou consultório, é  necessário que o aparelho escolhido para uso, tenha registro na ANVISA e seja vistoriado pelo INMETRO no Brasil. 

O equipamento de ETCC, pode facilmente ser sua porta de entrada no mundo da Neuromodulação.

Sabe por que?

Porque esse equipamento é o mais barato. 

Antigamente só tínhamos excelentes modelos importados porém hoje em dia temos disponível um equipamento nacional, com um custo menor.  E pra você que quer começar no universo da Neuromodulação, mesmo que financeiramente o cenário não esteja muito favorável, você pode fazer o curso e adquirir um equipamento nacional para começar.

E como funciona esse equipamento?

O equipamento da ETCC é conectado por cabos a eletrodos, estes eletrodos são colocados dentro de esponjas e essas são umedecidas com uma solução condutora. E então o equipamento é regulado.

As regulagens ou parâmetros e o posicionamento na cabeça do paciente variam de acordo com o diagnóstico a ser tratado. 

Cada um dos eletrodos possui uma polaridade: o ânodo é o positivo e o cátodo é o negativo. 

Os eletrodos são posicionados em áreas já pré-definidas para cada diagnóstico, seguindo o sistema 10-20 de EEG.  E, ao ligar o aparelho, uma corrente elétrica contínua de baixa intensidade passa do ânodo para o cátodo e faz o efeito nas áreas desejadas.

Uma das coisas mais lindas da ETCC são os tipos de efeitos que ela produz.

O EFEITO PRIMÁRIO, ocorre nos neurônios e leva a uma mudança sublimiar do potencial de membrana em repouso através da despolarização ou da hiperpolarização.  E isso vai depender da direção do fluxo da corrente elétrica em relação à orientação axonal.

E o que é e o que faz um estímulo sublimiar?  

O limiar de excitabilidade permite a célula funcionar como um discriminador de sinal elétrico. 

Assim, apenas estímulos com intensidade e duração que permitam disparar um potencial de ação produzem transferência de informação nas células excitáveis. 

Um estímulo sublimiar, é aquele que não inicia um potencial de ação,mas consegue induzir alterações no potencial de membrana que é denominado de resposta local ou sublimiar. 

Esta resposta elétrica local é dependente da intensidade do estímulo que a gerou e depende das propriedades resistivas e capacitivas da membrana e do fluido celular. 

As estimulações com a ETCC podem levar a mudanças na excitabilidade cortical. Mudanças essas que perduram por mais de uma hora.

Aliás, as alterações significativas ou o GRANDE EFEITO da ETCC é o EFEITO TARDIO.  Aquele que ocorre após o término do estímulo. E isso já foi observado em córtex motor, sensitivo e visual.

De modo geral, o mecanismo de ação da ETCC nas NAS VIAS, ocorre pela plasticidade das sinapses cálcio-dependentes das vias glutamatérgicas. E seu EFEITO LOCAL reduz a neurotransmissão do GABA (o ácido gama aminobutírico) e isso ocorre independente da polaridade da estimulação, o que pode influenciar ainda mais a plasticidade das vias glutamatérgicas visto que esses dois neurotransmissores (o gaba e o glutamato) possuem um relacionamento próximo.

Além do efeito primário, do efeito tardio, do efeito nas vias e dos efeitos locais, a ETCC também altera a conectividade cerebral.

 As redes neuronais respondem mais ao campo da corrente direta do que os neurônios isoladamente. 

Ela também pode interferir na conectividade funcional, sincronização e atividades oscilatórias em várias redes corticais e subcorticais. Esses achados advém da ETCC em córtex motor primário, córtex pré-frontal e durante o sono de ondas lentas.

Uma vez que a ETCC modula o potencial de membrana em repouso ao longo do axônio, seus efeitos podem ser também não-sinápticos. 

Trocando em miúdos, esses EFEITOS NÃO-SINÁPTICOS podem estar relacionados à mudanças na conformação molecular e funcional de moléculas axonais, envolvidas na condução de íons transmembrana, na estrutura da membrana, no citoesqueleto ou no transporte axonal, quando expostos ao campo da corrente direta. E esse efeito não sináptico é um dos contribuintes para os  efeitos duradouros e tardios da ETCC.

Outra coisa importante a ser considerada é que quase todos os tipos de células e tecidos são sensíveis a campos elétricos, portanto a ETCC pode desencadear alterações em tecidos não neurais do cérebro, como células endoteliais, linfócitos ou células da glia.

Esses efeitos não neurais, os quais ainda não foram sistematicamente investigados, podem estar relacionados à ação terapêutica da ETCC.

Tá ricardo, isso aqui tá muito lindo, mas eu sou clinico, sou clínica. Eu quero saber a prática: O que vou observar nos meus pacientes?

Nossa tanta coisa boa!

Nos quadros de paralisia cerebral, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, a ETCC auxiliar na melhora do controle postural, na velocidade da marcha, na aprendizagem motora e imaginética corporal que a reabilitação ensina para esses pacientes.

No TEA e TDAH, as evidências apontam que o uso da tDCS melhora o atraso de linguagem, a introspecção, a impulsividade e agressividade.

Para quadros de dores crônicas, como fibromialgia e cefaléia, a ETCC melhora a dor, e na síndrome complexa de dor regional ela é capaz de diminuir a área de sensibilidade apresentada pelo paciente. 

Um dos ganhos incríveis e que ajuda demais o fisioterapeuta é a melhora da fadiga relatada por pacientes com fibromialgia e também em casos pós-avc.

Se essa é uma das queixas do seu paciente e algo que inclusive dificulta a realização da sua terapia, às vezes até impede o paciente de realizá-la, você pode lançar mão da ETCC previamente à terapia que você elegeu.

Pensando ainda no paciente com sequelas pós-avc, a ETCC é um tratamento classificado como nível de evidência A para a reabilitação. 

Gente, nível de evidência A!

Ainda, em pacientes com sequelas de trauma ou doenças neurológicas crônicas e progressivas, doença de Parkinson, estudos com tdcs apoiam seu uso na clínica com o intuito de auxiliar na reabilitação motora, levando a melhora da marcha, equilíbrio e melhora da força.

Para quadros de afasia ETCC ajuda no tempo de recuperação, estabelecendo novas conexões entre as áreas de representação cortical de Broca e Wernicke, ou seja, permitindo que o paciente volte a compreender e expressar palavras. 

E na reabilitação da gagueira, a ETCC permite o paciente ter menos episódios de disfluência e rupturas na fala. Enquanto, que nos quadros de disartria e disfagia, auxilia o paciente a melhorar a deglutição e diminuir os engasgos.

E quando o assunto são os transtornos de humor, a primeira doença que vem a sua cabeça é a depressão. Nela a ETCC atua para hiperativar o lado esquerdo do cérebro que na maioria dos pacientes está hipoativado e ao mesmo tempo, hipoativar o lado direito que está hiperativado equilibrando assim os dois hemisférios.Ela também potencializa os efeitos da terapia farmacológica que os pacientes utilizam. 

Além disso, traz melhora no processamento afetivo e cognitivo, além de reduzir os sintomas depressivos.

Só para você ter uma idéia, alguns estudos apontam uma redução de 30% destes sintomas, e com isso melhora do humor, da memória de trabalho e da atenção. 

Os efeitos da Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua te contei ali no começo do texto, são os responsáveis por essas melhoras nos variados diagnósticos que exemplifique e também em outros que não dará tempo de falar aqui.

É por isso que a  ETCC tem a capacidade de melhorar vários processos patológicos bem como cascatas patogenéticas no sistema nervoso central.

Outros efeitos biológicos do campo elétrico são a mudança nos neurotransmissores, efeitos nas células da glia e microvasos.  E também modulação do processo inflamatório. E é por isso que recentemente a ETCC vem sendo explorada no tratamento das sequelas de COVID também.

“Tá Ricardo está tudo muito interessante, mas esse negócio ai, É seguro? pra eu fazer aqui na minha clínica?”

OHHH se é!

Olha só, lá em 2017 uma grande pesquisadora chamada Andrea Antal e colaboradores revisou os dados para criar um guideline, computou mais de 18 mil sessões da técnica. 

E observou que a estimulação transcraniana por corrente contínua é extremamente segura quando bem aplicada, ou seja , dentro dos parâmetros de segurança

De verdade, qual tratamento que você aplica ou prescreve hoje aí no seu consultório que tem estudos com 18 mil sessões?

18 MIL SESSÕES.

Se tiver um, é muito.

Então, uma vez que você comece a estudar e aplicar a técnica dentro dos parâmetros de segurança, você estará fazendo um tratamento SEGURO.

Um tratamento seguro, fácil e rápido de aprender. 

O uso e entendimento da ETCC é rápido.

Rápido de aplicar e que vai deixar seus resultados mais rápidos também.

Esse é um dos tratamento vai te permitir chegar onde você quer chegar com seus pacientes.

Quem aqui não tem ou teve um paciente que sumiu? Um paciente que não aguentava os efeitos colaterais das medicações e desistia antes delas chegarem em um efeito terapêutico desejável?

Quem aqui não teve um paciente que não evoluiu na terapia física por que não aguentava? Ou por que não fazia tudo o que lhe foi indicado?

Quem aqui não teve pacientes que atribuiu a refratariedade, a falta de melhora do quadro, por aspectos psicológicos?

Quem aqui nunca teve um paciente que foi em outro local e começou a fazer um tratamento desses que você considera enganação? tratamentos duvidosos? *Enquanto você indicava apenas terapias reconhecidas!?*

QUEM? TODO NÓS! TODOS!

E eu me incluo nisso!

E sabe o por que de tudo isso?

Por que nunca antes te ensinaram a tratar o cérebro do seu paciente de verdade!

TODOS, absolutamente TODOS os tratamentos clínicos-ambulatoriais não tem garantias quando o alvo é o cérebro. São apenas tentativas!

Mas agora você já sabe disso. Agora você já subiu de nível! Agora você sabe que é possível chegar lá.

Que é possível chegar no cérebro com certeza!

É possível até escolher onde você quer chegar!

E você vai chegar lá com a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *