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O que é Neuromodulação Não não-invasiva?

Neuromodulação é o termo utilizado para descrever o ato de modificar o funcionamento de estruturas do Sistema nervoso tanto central quanto periférico e que pode ser feita de diversas formas. Neuromodulação não-invasiva é o ato de modificar o funcionamento do Sistema Nervoso de forma não cirúgica.

Uma dessas formas é a cirúrgica, que é a Neuromodulação feita por neurocirurgiões através do uso de implantes medulares, da estimulação cerebral profunda ou DBS e por ai vai. Essa é a modalidade invasiva, ou seja nós não vamos conversar sobre ela por aqui, mas é importante que você saiba que ela existe.

Outra forma de neuromodular é através dos fármacos e esses vocês estão craques em saber: como antidepressivos, anticonvulsivantes, analgésicos, entre outros diversos tipos que atuam no sistema nervoso.

A primeira forma, a cirúrgica, tem indicações para quadros específicos, tem grandes contra-indicações e claro, tem morbidade associada. Já a segunda, que todos nós conhecemos, a farmacológica, tem seus limites que podem ser de custo, tolerância, toxicidade e principalmente de resposta apresentada pelo paciente. Ou seja, nós temos pouco ou quase nenhum controle sobre o seu efeito ou como o metabolismo do paciente irá reagir.

Neuromodulação não-invasiva é o ato de modificar o funcionamento do Sistema Nervoso de forma não cirúgica. E consiste na aplicação de campos elétricos ou magnéticos na cabeça do paciente com a finalidade de modificar o funcionamento de áreas específicas do cérebro. Essa modalidade de tratamento é realizada em âmbito clínico-ambulatorial e pode ser feita no seu consultório, na sua clínica. 

Hoje ela possui muitas indicações, poucas contra-indicações e o mais legal é que você, como profissional da saúde que está aplicando consegue escolher a área específica do cérebro que quer tratar.  E tem controle do que chegará nessa região cerebral escolhida.

E eu sei que talvez você deva estar aí pensando:

“Espera Ricardo, eu não estou acreditando nisso aí que você falou. Isso de eu aplicar no cérebro do paciente, de eu ter controle do que chega lá, está muito estranho. Eu nunca ouvi falar disso!”

Ou pode ser ainda que você esteja pensando: 

“Ah não, isso ai eu já conheço, isso ai é TENS ou é ECT.”

Calma que não é nada disso. 

Eu sei que você que está lendo esse artigo é profissional da área da saúde e vou construir um raciocínio com você sobre esse assunto:

Digamos que você tenha um paciente com depressão. Independente de você tratar a depressão ou atendê-lo por outros motivos,tá?

Para você, eu sei que é claro que a depressão é uma doença que tem origem no sistema nervoso, que causa alterações físicas, metabólicas e conectivas no cérebro desse paciente e todas essas alterações se manifestam no quadro clínico de depressão que conhecemos, certo?

E daí quando esse paciente foi diagnosticado com a depressão, provavelmente o primeiro tratamento indicado para ele foi o uso de antidepressivo, certo?

Por que? 

Porque sabemos que antidepressivo age no sistema nervoso central.

Dai, passadas algumas semanas ou meses, o paciente não teve a resposta esperada ou não tolerou os efeitos colaterais dessa medicação.

Até aí, normal né? Todos nós sabemos de casos assim.

Trocou-se então a medicação dele ou mudou dose ou associaram outras medicações, e de repente até indicaram outros tratamentos. Na tentativa de que essa nova dose ou nova medicação seja metabolizada, absorvida e leve a uma melhora do quadro, certo? 

Certo!

Segura esse pensamento ai!

Agora eu vou sair da depressão e vou para um paciente que sofreu um AVC, ou seja teve EVENTO CEREBRAL, e ficou com sequelas de marcha e fala. Fora essas sequelas ele não tem mais nada.  Então, ele tem dificuldades de andar e também tem uma afasia.

Para quais tratamentos ele é indicado?

Provavelmente ele será indicado para fazer fisioterapia e fonoterapia.

E uma vez lá na fisioterapia, o fisioterapeuta vai lançar mão de técnicas, equipamentos, estímulos e condicionamento feitos na periferia, ou seja em membros inferiores, com o intuito de que, com o tempo e com esses tratamentos, o cérebro do seu paciente recupere ou aprimore essas funções. Certo?

Certo!

E daí lá na fono, ela vai utilizar de métodos, que podem ser visuais, táteis, auditivos que tem o objetivo de acessar áreas responsáveis pela fala ou de estimular áreas que talvez consigam desempenhar o papel  das áreas lesadas. Certo?

Certo!

Então se pensarmos no paciente em tratamento para depressão, no paciente que sofreu um AVC e ficou sequelado, nós sabemos que a origem dos seus problemas é no cérebro.

Porém quando pensamos nos tratamentos, nas terapias ensinadas nas, as faculdades, disponíveis em clínica nós temos apenas TENTATIVAS de chegar no sistema nervoso. Nós não temos nem certeza do quanto chegará lá.

Pois é, essa é uma falha nos tratamentos e terapias atuais.

Por MELHOR que sejam. Nós não temos certeza do quanto da medicação metabolizada chega no sistema nervoso central, ou do quanto de estímulo periférico feito na reabilitação vai chegar lá.

E eu não estou dizendo que são tratamentos ruins, nem que eu seja contra:  pelo AMOR DE DEUS eu não estou dizendo isso! 

Eu estou simplesmente apontando uma realidade.

Realidade essa para múltiplas doenças e condições que tem origem no sistema nervoso. Quer ver só?

Uma paciente com fibromialgia ou qualquer outro quadro de dor crônica: ela é diagnosticada vai receber medicação (que não sabemos o quanto chegará depois de metabolizado no sistema nervoso central), vai fazer fisioterapia (que também age na periferia a fim de estimular centralmente, ela vai fazer exercícios físicos para liberação de neurotransmissores que ajudam na resposta de dor).

E pode ser que mesmo fazendo tudo isso, de maneira certinha, ela não tenha uma grande resposta.

Ou uma criança com paralisia cerebral que tem déficit de marcha: sabemos que a origem do problema é no cérebro, ela nasceu com essa condição,  e por anos ela passará por tratamentos com estímulos periféricos para desenvolver melhor essa marcha. 

E aqui, nessas e outras condições que têm origem ou que são mediadas pelo sistema nervoso, é que a neuromodulação não-invasiva vai ter indicação.

Olha que coisa mais linda!

Lembra que eu te contei que a neuromodulação não-invasiva consiste na aplicação de um campo elétrico ou magnético diretamente no cérebro?

Pois é isso mesmo!

Nós vamos conseguir que esses estímulos cheguem ao lugar do cérebro que eu escolher. E vamos ter a certeza do que está chegando lá!

Aplicando esses estímulos, você vai ter a OPORTUNIDADE de neuromodular conforme a necessidade do cérebro do seu paciente!

A neuromodulação não-invasiva preenche o GAP que existe nos tratamentos atuais!

Você não sabia, mas até hoje você trabalhava com um GAP. Você trabalhava numa estrada com buracos!

E eu estou falando que você trabalhava, no passado, pois agora que você SABE que esse GAP existe, que esse buraco existe, nós vamos mudar essa estrada!

Na neuromodulação não-invasiva nós realizamos a aplicação de corrente elétrica e campos magnéticos diretamente no sistema nervoso central ou periférico do paciente, isto significa que essencialmente temos duas modalidades de tratamento. 

Quando falamos do uso de corrente elétrica estamos falando Estimulação transcraniana por corrente contínua, e a sua sigla é ETCC. Em inglês é chamada de Transcranial direct current stimulation, e a sigla é tDCS. Então se vocês me ouvirem dizer ETCC ou TDCS, saiba que é tudo a mesma coisa, a mesma técnica.

O que é a Neuromodulação não-invasiva do tipo ETCC?

A técnica de Neuromodulação não-invasiva do tipo ETCC consiste na utilização de dois ou mais eletrodos que são colocados na cabeça do paciente em regiões escolhidas de acordo com o diagnóstico ou condição a ser tratada.

Através desses eletrodos, uma corrente elétrica contínua e de baixa intensidade é APLICADA e passa pelas regiões do cérebro que escolhemos.

E daí nessa fase que estamos, às vezes eu escuto algumas pessoas falarem assim: 

“Ah mas Neuromodulação é experimental! Neuromodulação é mais para pesquisas.”

Mas você, que é profissional da saúde, que está me lendo aqui não vai falar essa bobagem não, ok?

E eu vou te contar o porque.

Embora pareça que essas técnicas são novas e despontaram no horizonte da saúde agora, o uso de eletricidade para tratar diferentes doenças vem desde a antiguidade.É claro que com o avanço da tecnologia, nós também melhoramos os equipamentos e a segurança das aplicações.

Eu sei que para alguns de vocês aqui o uso de estímulos elétricos em partes do corpo é comum, mas também sei que para muitos a ideia de aplicá-la diretamente no cérebro, no sistema nervoso pode causar estranhamento. 

Deixa eu te falar uma coisa: sabia que desde a antiguidade o homem usa eletricidade para tratar várias condições? 

Temos relatos do uso do peixe torpedo, para tratar dores de cabeça, em vários séculos distintos.

No século 19 e parte do século 20 muitos pesquisadores, fizeram uso da corrente elétrica para tratar doenças mentais. 

Um dos problemas é que a tDCS não era usada de forma padronizada e pouco se sabia a respeito das polaridades e outros aspectos importantes para seu funcionamento apropriado, e isso fez a técnica ser abandonada na década de 30.

Ela foi ressurgir só lá na década de 60 como terapia para o sono e para analgesia.

Desde essa época tivemos estudos mostrando a eficácia da corrente elétrica em modificar a excitabilidade cortical, ou seja em alterar o funcionamento do cérebro.

Mas a empolgação com seu uso durou só uns 10 anos, pois outras modalidades terapêuticas ganharam maior visibilidade como a eletroconvulsoterapia e os antidepressivos.

A ETCC de hoje, no formato moderno, é fruto dos anos 2000, quando os pesquisadores Priori, Paulus e Nitsche reiniciaram sua sistematização e estudo, trazendo-a até os dias atuais como vocês a conhecerão.

A segunda técnica de Neuromodulação não-invasiva que eu quero que você conheça e repita comigo é: Estimulação Magnética Transcraniana e a sigla dela é EMT. Esse é o nome em português. 

Em inglês ela é chamada de Transcranial Magnetic Stimulation e a sigla é TMS. Então todas as vezes que você ler ou ouvir falar em EMT ou TMS você já saberá que é tudo mesma coisa,ok?

E por que eu estou te ensinando a sigla em Inglês? por que eu acho legal? Não!

Por que aqui o ensino é completo e quando você for estudar, procurar um artigo, uma pesquisa, há chances de que ele esteja em inglês.

O que é a técnica de Neuromodulação não-invasiva do tipo EMT?

A técnica de Neuromodulação não-invasiva do tipo EMT ou TMS, é um equipamento que foi inventado em 1985 pelo físico-médico Antony Barker. E o que Barker fez naquela época foi algo que ninguém antes tinha conseguido. 

Ele conseguiu, pela primeira vez através desse equipamento, criar uma corrente elétrica induzida, que gera um campo magnético diretamente no cérebro de uma pessoa viva, acordada, e que conseguia realizar a despolarização de neurônios. 

Como assim?

Basicamente, quando aplicavam a TMS na área do córtex motor responsável pelo movimento da mão, eles conseguiam produzir espasmos na mão. 

Isso demonstrou que a TMS conseguia estimular áreas bem precisas do cérebro. 

Foi a partir disso que essa ferramenta, a TMS, começou a ser usada em pesquisas. 

E daí em meados de 1995, ou seja, quase 10 anos depois da sua invenção, dois pesquisadores perceberam um efeito peculiar da TMS.  São eles Alvaro Pascual-Leone e Mark George.

Eles perceberam que quando estavam fazendo pesquisa com a TMS em pacientes com depressão, esses pacientes ficavam mais felizes.

Olha só que coisa, dez anos depois que essa máquina foi inventada, com o intuito de fazerem pesquisas envolvendo o cérebro, parece que ela tinha algum efeito no cérebro.

O que eles fizeram então? O que todo pesquisador faz! Vamos pesquisar mais sobre esses efeitos!

E foi assim que se começou a PESQUISAR, veja bem essa palavra, PESQUISAR o uso da EMT como um tratamento. 

A partir desse início, seguido por anos de pesquisas que EMT foi aprovada como tratamento por diversas entidades de saúde pelo mundo afora:

Em 2001 ela foi Aprovada no Canadá para uso clínico

Em 2006 ela foi  Aprovada no Brasil pela ANVISA 

Em 2008 ela foi  Aprovada pelo FDA nos estados unidos

E em 2015 ela foi aprovada pela NICE no reino unido.

E por que eu estou te contando isso? Porque eu gosto de história??

Tá vai, eu até gosto, mas não é por isso não!

É porque eu quero que você perceba que isso não é algo novo, nem algo sem pé nem cabeça. A TMS surgiu dentro do âmbito de pesquisas. Ela tem sido pesquisada e estudada há décadas.

E talvez até esse momento você nunca tenha ouvido falar dela ou ouvido muito pouco. E deve estar se perguntando: – Mas onde vou usar isso?

Uma das área mais desenvolvidas com certeza é a Psiquiatria, afinal foi nos pacientes de depressão que os primeiros achados da Neuromodulação moderna foram registrados como eu contei ali atrás, mas ainda há aplicação para:

Quadros como a: Depressão uni e bipolar, Alucinação auditiva, Esquizofrenia, TOC, Catatonia, Estresse pós-traumático, Adicção

No campo da neurologia e de reabilitação temos: Doença de parkinson, Distonias,Tics, gagueiras, Zumbido, Espasticidade, Epilepsia, Dor neuropática, Dor visceral, Enxaqueca, Fibromialgia, Doença de Parkinson, Ataxias, Alzheimer.

Outras áreas com um imenso desenvolvimento, que abrange fisioterapeutas e fonoaudiólogos, são reabilitação motora  e fonoaudiológica após AVC.

Na neuropediatria também, tem indicações para quadros como: paralisia cerebral, atrasos do desenvolvimento, déficit de controle postural e atraso de marcha, quadros que envolvem o transtorno do espectro autista e TDAH.

E na fonoaudiologia para quadro de afasia, disfagia, disartria e gagueira.

A Neuromodulação não-invasiva é a ferramenta que preenche o GAP dos tratamentos e terapias que existem hoje. 

Dos tratamentos que você utiliza aí na sua clínica, no seu consultório.

Como eu sei disso?

Porque eu já estive nesse mesmo caminho, nesse caminho cheio de GAPs, nesse caminho esburacado!

Eu já rodei quilômetrossss nela!

E hoje a minha estrada é essa aqui!  

E eu rodo suave nela.

Nessa estrada eu sei que eu chego mais rápido onde quero ir! 

Com ela eu chego onde poucos chegaram!!! Quer saber mais como andar por essa estrada? Clique aqui!

2 respostas

  1. Estou com a doença do Parkinson quero me tratar pelo Neuromodulação não invasiva, queria receber mais informação.

    1. Olá Cirilo, vá na aba onde se lê profissionais neuromoduladores e procure algum na sua região. Ainda estamos cadastrando todos, então caso não encontre, chame o nosso atendimento no whatsapp.

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